O ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos justificou nesta terça-feira sua ausência na cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tornando-se o primeiro comandante naval da história a não comparecer a uma transmissão de faixa presidencial, destaca o jornal O Globo. Durante depoimento ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Garnier explicou os motivos que o levaram a faltar ao evento protocolar. 2e6v3
As informações foram divulgadas durante a retomada dos interrogatórios da Primeira Turma do STF sobre a investigação da trama golpista. Garnier também se destacou por ter sido o único representante das Forças Armadas a não participar de reuniões com o ministro da Defesa José Múcio durante o período de transição governamental.
Ao ser questionado pelo ministro-relator sobre sua decisão, o ex-comandante naval defendeu que houve um acordo prévio para transferir o comando ainda durante a gestão de Jair Bolsonaro. "Disciplina, honra e palavra são muito caras a nós marinheiros", declarou Garnier perante o tribunal.
O militar relatou que, após o primeiro turno das eleições presidenciais de 2022, o brigadeiro Baptista Júnior conduziu uma reunião no Ministério da Defesa na qual sugeriu que todas as transmissões de comando fossem realizadas ainda sob o governo Bolsonaro, considerando o cenário de polarização política do país.
Segundo Garnier, ele havia reservado o dia 28 de dezembro de 2022 para esse planejamento de transição. Após a escolha do almirante Olsen como seu sucessor, este teria solicitado que a cerimônia de agem do comando ocorresse apenas em janeiro, com a presença do novo ministro da Defesa.
"Eu disse a ele que tinha compromisso assumido com o ministério que eu pertenci durante todo esse tempo e que, por esta razão, não estaria presente", reiterou o ex-comandante em seu depoimento.
O almirante reformado enfrenta acusações de ter aderido a um suposto plano articulado pelo ex-presidente Bolsonaro que visava impedir a posse de Lula após o resultado das urnas em 2022. A defesa de Garnier, representada pelo advogado Demóstenes Torres, contesta as alegações e nega qualquer participação em articulações golpistas.
A Primeira Turma do STF prossegue com os interrogatórios dos demais réus envolvidos na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado, dando continuidade ao processo que apura as ações realizadas no período pós-eleitoral de 2022.
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