O Conselho de Segurança da ONU se reúne nesta sexta-feira (13), em caráter emergencial, para discutir os recentes ataques de Israel contra o Irã. A convocação acontece após o governo iraniano enviar uma carta oficial ao órgão, classificando a ação israelense como uma "agressão ilegal e imprudente" e prometendo uma resposta "decisiva e proporcional". As informações são do colunista Jamil Chade, do UOL. 6d7322
A reunião ocorre em meio a um cenário de profunda divisão entre as potências globais, o que dificulta a perspectiva de aprovação de qualquer resolução concreta. Até o momento, não há um texto oficial em discussão, mas já se especula que um possível veto dos Estados Unidos bloquearia qualquer tentativa de condenação formal a Israel.
Na carta enviada pelo ministro das Relações Exteriores iraniano, Seyed Abbas Araghchi, o governo de Teerã condena veementemente os ataques, que atingiram alvos estratégicos, incluindo instalações nucleares e cientistas iranianos. "Estou lhe escrevendo com a máxima urgência e profundo alarme em relação a um ato descarado e ilegal de agressão perpetrado pelo regime israelense contra a República Islâmica do Irã", afirma o chanceler no início do documento.
Segundo a diplomacia iraniana, as ofensivas israelenses miraram várias cidades e atingiram inclusive a central nuclear de Natanz, considerada estratégica para o programa nuclear do país. "Esse ataque imprudente não só colocou em risco a vida de civis iranianos, mas também representou uma ameaça alarmante à paz e à segurança regional e internacional, com o risco de um desastre radiológico", alertou Araghchi.
Além dos ataques às instalações nucleares, o Irã também denuncia a realização de assassinatos direcionados em sua capital, Teerã, vitimando altos funcionários militares e cientistas. "Esses atos deliberados e premeditados constituem exemplos claros de terrorismo de Estado", acusou o chanceler. Segundo ele, o próprio primeiro-ministro de Israel teria itido publicamente a responsabilidade pelos ataques.
O governo iraniano sustenta que as ações israelenses violam o Artigo 2(4) da Carta das Nações Unidas, que proíbe o uso da força contra a integridade territorial e a independência política de qualquer Estado membro. "Esses atos coordenados marcam mais um episódio no padrão de conduta ilegal e desestabilizadora de Israel na região, o que representa uma séria ameaça à paz e à segurança internacionais", denuncia o documento.
Em um dos trechos mais contundentes da carta, o chanceler iraniano afirma: "Israel, o regime mais terrorista do mundo, já ultraou todas as linhas vermelhas, e a comunidade internacional não pode permitir que esses crimes fiquem impunes". Ele ainda adverte que "a falta de resposta apenas encorajará o agressor, recompensará a impunidade e provocará mais caos em uma região já frágil".
Por fim, o Irã reafirma seu direito à legítima defesa, amparado pelo Artigo 51 da Carta da ONU, e promete agir com firmeza. "A República Islâmica do Irã agirá com total determinação para proteger sua soberania, seu povo e sua segurança nacional. Esse direito não é negociável. Israel se arrependerá profundamente dessa agressão imprudente e do grave erro de cálculo estratégico que cometeu."
A carta foi distribuída como documento oficial do Conselho de Segurança e compartilhada com todos os Estados-membros da ONU. A expectativa agora gira em torno da reação dos demais integrantes do Conselho e dos desdobramentos políticos e militares que podem se seguir nas próximas horas.
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