Segundo levantamento realizado pelo instituto Datafolha, divulgado pela Folha de S. Paulo, 66% dos eleitores brasileiros acreditam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disputará a reeleição em 2026. O dado representa um aumento de quatro pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, realizado no início de abril. Entre os que creem na candidatura, 42% afirmaram que Lula estará na disputa; outros 24% consideram essa possibilidade como provável. 1l6u2r
A pesquisa ouviu 2.004 brasileiros com mais de 16 anos em 136 municípios do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O resultado indica um reforço da percepção popular de que Lula se prepara para enfrentar uma nova disputa presidencial, motivada, entre outros fatores, pela ausência de um adversário consolidado no campo da direita.
Postura do presidente e divisão entre adversários impulsionam essa percepção - O índice de brasileiros que não acreditam em nova candidatura de Lula caiu de 34% para 28%. A movimentação do presidente tem contribuído para reforçar a ideia de que ele voltará às urnas: nos últimos meses, Lula tem adotado um discurso cada vez mais combativo, especialmente ao se referir a Jair Bolsonaro (PL) e ao seu grupo político, o que tem sido interpretado por analistas como um sinal de campanha antecipada.
Além disso, a indefinição no campo bolsonarista sobre quem será o nome para substituir Bolsonaro — inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral — reforça a ideia de que Lula permanece como a principal figura consolidada na corrida de 2026. Bolsonaro, mesmo fora do páreo, segue como referência de sua base e testa nomes como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e os filhos Flávio e Eduardo.
Discurso eleitoral e críticas a Eduardo Bolsonaro - O tom eleitoral de Lula foi evidenciado em recentes declarações nas quais criticou diretamente o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está em viagem aos Estados Unidos em busca de apoio a sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Apesar da percepção de candidatura, rejeição à reeleição permanece alta - Embora a maioria dos entrevistados acredite que Lula será candidato, uma parcela considerável — 57% — afirmou que ele não deveria concorrer novamente. Apenas 41% defenderam sua reeleição. Esses números sugerem um descomo entre a expectativa de candidatura e o desejo do eleitorado por uma renovação no comando do Executivo.
Por outro lado, a rejeição a Jair Bolsonaro é ainda mais expressiva: 67% dos entrevistados disseram que o ex-presidente deveria desistir de qualquer pretensão eleitoral, embora ele esteja, legalmente, impedido de se candidatar. Ainda assim, 29% disseram que ele deveria insistir em voltar à disputa.
Influência e legado político em jogo - A persistência de Bolsonaro em se manter como líder de seu grupo político, mesmo diante da inelegibilidade e da possibilidade de prisão em decorrência de investigações sobre a tentativa de golpe de Estado, revela uma estratégia semelhante à de Lula em 2018, quando manteve sua candidatura mesmo injustamente preso, até que o PT lançasse Fernando Haddad.
O cenário de 2026 começa a se delinear com sinais de polarização, mas sem a certeza de que os protagonistas da última eleição estarão, de fato, nas urnas. Enquanto Lula sinaliza estar pronto para mais uma disputa, o campo adversário ainda busca definir sua estratégia — sob o peso da rejeição popular.
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